Ensaio
Recebido
em 6 de julho de 2017.
Por
Anisio
Pires, cientista social pela UFRGS.
![]() |
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela |
O
que podemos fazer então os que defendemos a Revolução Bolivariana
sabendo que tudo isso é uma grande mentira? Encher-nos
de paciência e insistir com doses adequadas usando choques de
verdade.
Se
é verdade como eles dizem que a Revolução Bolivariana tornou-se um
verdadeiro fracasso (algo possível dentro das possibilidades), então
o que eles tem que fazer é prová-lo. Se os dados socioeconômicos
da Venezuela de hoje são indiscutivelmente piores dos que tinha o
país em 1999, teriam razão e seríamos obrigados a aceitar com
honestidade que, apesar de suas boas intenções, a Revolução
Bolivariana teria fracassado na sua promessa de fazer justiça
social.
O
informe da CEPAL Uma
década de desenvolvimento social na América Latina, 1990-1999
afirma que para o ano 1999 quando Chávez chegou ao poder “(…) na
Venezuela, a porcentagem de lares pobres passou de 22% em 1981 a 34%
em 1990, e atualmente alcança o 44%” (3).
Temos
que contrastar esses números com a realidade e as versões que se
fazem sobre a Venezuela de hoje para tirar conclusões. Mas
antes vamos revelar um fato curioso. Nos últimos tempos recebemos
notícias de jovens que morreram queimados numa prisão da Guatemala;
tivemos notícias do processo de Paz e das inundações na Colômbia;
soubemos
do golpe e da corrupção no Brasil; dos Panamá Papers no Panamá e
do assassinato de jornalistas e da desaparição de 43 estudantes no
México. No entanto, não conseguimos encontrar nenhuma notícia que
falasse da existência de algum tipo de crise humanitária em
qualquer desses países. Ainda mais, tudo parece indicar, apesar dos
terríveis problemas que enfrentam esses países, que a situação
não chegaria a esse extremo.
Por
que mencionamos esses cinco países e não outros? A resposta é
simples. No último informe da CEPAL de 2016 sobre o Panorama
Social na América Latina
(4) verificamos que esses cinco países são os que possuem a maior
desigualdade da nossa região. Quer dizer, são os campeões em
desigualdade social na América Latina.
Queremos
destacar aqui que, embora o Brasil se encontre ainda nesse
grupo da desigualdade, jamais poderemos esquecer os avanços na
redução das desigualdades obtidos nos governos Lula e Dilma.
Imaginem qual seria a situação do Brasil hoje se esses avanços não
tivessem acontecido?
Feito
esse esclarecimento, o que queremos assinalar é que apesar dos dados
negativos desses países, ninguém tem sido capaz de afirmar que
neles se vive uma crise de tipo humanitária. Admitem que esses
países têm problemas muito graves, mas que não chegam ao ponto de
caracterizá-los dessa maneira.
O
que diz esse mesmo informe de 2016 sobre a Venezuela? Será que ao
comparar seus resultados com o informe de 1999, se confirmará o
rotundo fracasso da Revolução Bolivariana apresentado pela direita
nacional e internacional? Surpresa!
Citando
textualmente o mesmo artigo que resenhou o informe onde a Guatemala,
Colômbia, Brasil, Panamá e México aparecem como os campeões da
desigualdade, encontramos o seguinte: “Do mesmo modo que em 2012,
os
países com o maior nível de igualdade na região
continuam sendo Uruguai, Venezuela e Argentina”.
Mas
como? Isso
não é possível. Por que não está o Chile nessa lista se o mundo
tem falado tanto do milagre chileno que foi produzido pelo golpe
militar de Pinochet? O que faz a Venezuela colocada aí? O que
aconteceu com a “crise humanitária” que os meios nacionais e
internacionais vinham denunciando há mais de um ano? Consultando
alguns especialistas obtivemos algumas das possíveis respostas: (a)
os
chavistas pagaram para adulterar o informe da CEPAL; (b)
o
“regime” fez que a crise sumisse de repente invocando os
espíritos do mato; (c)
a
crise humanitária nunca existiu. E você, o que pensa?
Outros
especialistas de menor capacidade lançaram ao debate uma pergunta
adicional bastante trivial, mas com certa lógica. Se não existe
crise humanitária nos países mais desiguais de nosso continente,
alguém poderia explicar, por favor, como é possível que
misteriosamente exista uma crise humanitária na Venezuela?
Para
esclarecer esse
mistério e evitar que seja usado como rumor pelo publicitário das
campanhas sujas J. J. Rendón, recomendamos que o Governo Nacional
organize uma conferência internacional sobre “A crise humanitária
na Venezuela”. Os convidados seriam a secretária-executiva da
CEPAL, os líderes da oposição venezuelana, Luis Almagro e os
representantes perante a OEA daqueles países que tem pretendido
violentar a soberania venezuelana com a mencionada crise. O mundo
inteiro terá enorme curiosidade para ver a cara de todos esses
personagens ao conhecerem os dados da CEPAL sobre a Venezuela.
Se
o Secretário
dos EUA, Stuart
Jones, ficou paralisado por 19 segundos quando lhe perguntaram sobre
a democracia na Arábia Saudita, será muito interessante cronometrar
quantos segundos permanecerão emudecidos todos os representantes do
intervencionismo nacional e internacional ao ser revelado pública e
por todos meios de comunicação que eles tem estado por mais de um
ano semeando um falso positivo contra o povo da Venezuela. Quer
dizer, que todos eles vem se comportando como paramilitares. “O
pior do pior” como dissera uma ONG americana sobre a Arábia
Saudita.
Embora
mintam um milhão de vezes, na Pátria de Bolívar e de Chávez vai
se impor a verdade, vai se impor a justiça e agora, com muito mais
motivo, vai se impor a Constituinte da Paz.
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Manifestação em defesa do governo Maduro |
Publicado
originalmente em:
<https://foroinsular.wordpress.com/2017/06/03/venezuela-shock-de-realidad-contra-la-postverdadpor-anisio-pires/>
Tradução:
Anisio Pires
Revisão
Técnica: Eliane Silveira
Parte 1:
http://www.blogsintese.com.br/2017/07/venezuela-choque-de-realidade-contra.html
Parte 1:
http://www.blogsintese.com.br/2017/07/venezuela-choque-de-realidade-contra.html
Notas
(3)
<http://repositorio.cepal.org/bitstream/handle/11362/2382/S2004000_es.pdf?sequence=1>
(4)
<http://repositorio.cepal.org/bitstream/handle/11362/41598/1/S1700178_es.pdf>
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