Ensaio
Recebido
em 03 de abril de 2016
Por
Nova Organização Socialista, coletivo político.
Um
convite à construção de uma Nova Organização Socialista
Desde
junho de 2013, uma nova etapa política se abriu no Brasil. Milhares
tomaram as ruas sem a direção dos partidos e entidades
tradicionais, mas com uma pauta composta por diversos elementos
progressistas, como a reivindicação por melhores serviços
públicos. Ficou evidente que o PT e seu governo haviam perdido o
controle sobre os trabalhadores. No entanto, as mobilizações
populares evidenciaram também a fragilidade da esquerda socialista
brasileira. Os anos de fracionismo, sectarismo, auto-proclamação,
burocratismo, parlamentarismo e economicismo sindical cobraram um
alto preço. Os militantes da esquerda socialista não conseguiram
levantar suas necessárias bandeiras e dialogar com as massas
insurgentes e indignadas.
Colocou-se na ordem do dia a
necessidade da criação de uma Frente de Esquerda Socialista para
atuar nas lutas, no movimento social e nas eleições,
constituindo-se como um campo político alternativo ao governismo e à
oposição de direita. A recusa das organizações da esquerda
socialista em impulsionar essa Frente para além da retórica,
possibilitou o crescimento de uma oposição de direita reacionária,
anticomunista, racista, machista e homofóbica. Inconformados com o
avanço dessa direita e o imobilismo da esquerda socialista diante
dos ataques aos direitos e às condições de vida dos trabalhadores,
militantes independentes e de diversas organizações iniciaram um
processo de aproximação para, juntos, superarem seus próprios
limites de atuação e melhor contribuírem para a retomada das
discussões sobre os rumos da revolução socialista no Brasil.
Nos dias 25, 26 e 27 de março de
2016, um primeiro passo no sentido dessa superação e reaglutinação
foi dado. Dezenas de delegados eleitos por esses militantes em
diversos estados reuniram-se no Rio de Janeiro para iniciar uma
síntese materializada na formação da Nova Organização
Socialista. Apesar das trajetórias distintas, houve grande consenso
sobre a necessidade dos revolucionários aprofundarem a análise do
desenvolvimento do imperialismo no mundo e no Brasil. Identificou-se
a necessidade urgente de priorizar a intervenção no movimento dos
trabalhadores, pois não haverá revolução sem o protagonismo das
massas trabalhadoras.
Apesar da atual importância da
ocupação das tribunas parlamentares e da defesa dos direitos diante
das contrarreformas, percebemos os limites dessa democracia liberal
amputada que, na prática, esconde uma ditadura de classe sobre a
maioria da população. A superação da injusta ordem do capital
apenas será possível com a expropriação dos meios de produção e
dos aparelhos coercitivos do Estado pelos trabalhadores, objetivando
a supressão das relações de classe e o definhamento do próprio
Estado. Por isso, repudiamos qualquer uso burocrático e repressivo
do Estado contra os trabalhadores e suas organizações, ainda que em
nome da revolução. Sabemos que a revolução não será conduzida
por um único partido e nem temos qualquer pretensão a nos
colocarmos como partido único. A construção das nossas posições
nos movimentos se dará sempre de forma franca, solidária e aberta,
respeitando a autonomia dos mesmos. Iremos nos organizar internamente
com amplo respeito às diferenças de análise e opinião que devem
ser estimuladas, e não inibidas. Contudo, na atuação da nova
organização, rejeitamos o individualismo – tanto na intervenção
nos movimentos, quanto por parte de parlamentares e figuras públicas.
Após esses longos debates, o
Coletivo de Resistência Socialista (CRS), o Movimento ao Socialismo
(MAS), o Reage Socialista e muitos independentes resolveram se
unificar em torno desses princípios e objetivos iniciais,
referenciados na tradição do marxismo revolucionário e na
concepção leninista de organização. Entretanto, seguiremos
aprofundando o debate estratégico e programático em nossa nova
organização. Convidamos para ampliar e avançar esse processo todas
as organizações e militantes que entendam como tarefa estratégica
da esquerda socialista a superação de sua atual fragmentação e a
reversão da polarização de direita através da construção de uma
Frente de Esquerda Socialista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Adicione seu comentário.