Nota
Recebida
em 17 de março de 2016
Por
Movimento por uma Nova Organização Socialista, coletivos
políticos e militantes independentes.
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Movimento por uma Nova Organização Socialista |
Se
algum militante de esquerda ainda tinha dúvidas sobre a necessidade
de uma frente de esquerda socialista como uma alternativa classista
para atual crise, imaginamos que a quarta-feira (16/03) serviu para
dissipá-las. A direita desencadeou uma ofensiva que não se
verificava havia muitos anos. Uma ação coordenada entre a FIESP, a
Globo, o Judiciário, a Polícia Federal e os políticos de direita
vem ganhando a consciência da população, com especial destaque
para as camadas médias.
De nossa parte, não se trata de
achar que Dilma, Lula ou PT são inocentes. Claro que não são,
afinal, nos últimos 13 anos fizeram de tudo que estava ao seu
alcance para implementar um programa de ataques aos trabalhadores.
Mas o que está em curso é uma articulação dos setores mais
reacionários para derrubar o governo e abrir espaço para ataques
ainda mais duros.
Face aos acontecimentos das últimas
semanas, a reação de Dilma foi nomear Lula ministro para, por um
lado, tirá-lo das mãos de Moro e, por outro, para reforçar o
governo. A reação da burguesia foi rápida e se construiu um novo
capítulo da crise. Parece ser uma ofensiva para tentar sacramentar a
queda do governo. Em meio a denúncias de corrupção que atingem as
cúpulas do governo e da oposição, o oligopólio midiático faz uma
cobertura seletiva. A Rede Globo atua como um verdadeiro partido
político, chegando mesmo a incentivar mobilizações dos setores
reacionários, ao mesmo tempo em que busca tornar invisíveis os atos dos
setores populares combativos, como a greve da educação do Rio de
Janeiro que, na própria quarta-feira, levou milhares de pessoas às
ruas da cidade. A divulgação das gravações telefônicas de Lula
foi mais uma manobra política para criar um clima de indignação e
revolta nos setores da oposição de direita, desencadeando a
mobilização de uma parcela dos setores médios conservadores na
noite desta quarta-feira para ir às ruas ou bater panelas com grande
agitação política promovida pela Globo.
Diante disso, nossa posição é
contra qualquer tipo de golpe da direita reacionária e corrupta, que
abre espaço em seus atos para uma extrema-direita virulentamente
anticomunista e disposta a atacar as organizações da classe
trabalhadora, como seus sindicatos. Não custa lembrar, entretanto,
que se hoje a burguesia tenta quebrar o PT e desmoralizar a esquerda,
foram o próprio PT e suas ações no governo, se dobrando às
classes dominantes até o limite, que desarmaram e desmoralizaram a
esquerda. A direita reacionária quer apenas aproveitar o caminho
pavimentado pela pacificação social construída pelo PT para
arrancar mais da classe trabalhadora na conjuntura de crise. Se a
derrubada de Dilma fosse obra dos trabalhadores e suas organizações,
não hesitaríamos em apoiar tal feito. Mas não é. Não queremos
Temer, Cunha, Renan ou Aécio.
Nós, que sempre estivemos na
oposição de esquerda intransigente ao governo de colaboração de
classes do PT, continuamos a dizer claramente que não devemos
depositar nenhum apoio ou ilusão em Dilma/Lula, pois, mesmo cuspidos
pela burguesia a qual eles tão bem serviram, parecem dispostos a
continuar, até o último segundo de poder, aplicando a mesma
política contrarreformista desses últimos 12 anos. Apesar disso,
não fazemos coro com a direita e nem propomos uma saída que a
favoreça, seja via impeachment ou via eleições gerais antecipadas,
as quais, na atual correlação de forças, só levariam a direita
mais reacionária a dominar o governo e o congresso acelerando os
ataques aos trabalhadores.
Ainda que na defensiva, os
trabalhadores resistem aos ataques desferidos pelos governos e
patrões. As greves operárias e a greve geral da educação estadual
do Rio de Janeiro são exemplos. As recentes ocupações das escolas
em São Paulo e a Primavera Feminista contra Cunha são outros.
Seguimos afirmando que a única saída é a organização das lutas
dos trabalhadores e da juventude. É necessário impulsionarmos e
unificarmos estas lutas concretas, reafirmando a Frente de Esquerda e
Socialista como uma alternativa para atual crise do país. Em face do
atual cenário, propomos o seguinte programa emergencial:
a)
Derrotar o impeachment e toda e qualquer forma utilizada pela
oposição de direita para substituir o atual governo por um ainda
mais reacionário, que aprofundará o arrocho salarial, o saque
capitalista ao fundo público e a entrega do patrimônio nacional;
b)
Derrotar o ajuste fiscal que arrocha salários e privatiza;
c)
Suspensão imediata do pagamento das dívidas e um plano de
emergência para salvar a Saúde, Educação e demais serviços
públicos;
d)
Impedir a contrarreforma da Previdência e a flexibilização dos
direitos trabalhistas;
e)
Barrar a lei antiterrorismo;
f)
Aumento substantivo do salário-mínimo e punições para as empresas
que demitirem sem justa causa no atual cenário de crise;
g)
Diminuição da jornada de trabalho, sem redução de salários, para
reverter o crescimento do desemprego;
h)
Reestatização de todas as empresas privatizadas e estatização
imediata dos bancos e de todas as empresas que demitirem. Todo apoio
às fábricas ocupadas!;
i)
Mais concursos públicos;
j)
Nenhuma confiança na justiça burguesa e na Polícia Federal;
l)
Investigação imediata sobre as condutas políticas do juiz golpista
Sérgio Moro;
m)
Cassação da concessão da Rede Globo de televisão e combate ao
oligopólio midiático;
n)
Construir imediatamente uma Frente de Esquerda Socialista!;
o)
Todos ao ato de 1° de abril.
Nova
Organização Socialista,
17
de março de 2016.
Com certeza é de suma importância a essa nova organização. Mas uma coisa mim preocupa! Quantas novas organizações teremos que criar para ver se dar certo um processo de organização coletiva sem as vaidades, egoísmo e a arrogância, sendo estas características do ser humano.
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