Ensaio
28 de setembro de 2014
Por Mauricio
Gonçalves, militante social e doutorando em Ciências Sociais pela UNESP
[Araraquara].
Entramos na última semana de campanha
eleitoral antes do pleito do dia 05 de outubro de 2014. Marina Silva (PSB),
após a trágica morte de Eduardo Campos (PSB), transformou-se num fenômeno
eleitoral, mas vem perdendo terreno entre os votantes nas duas últimas semanas. A presidente
Dilma Rousseff (PT) aumentou a vantagem para a ex-ministra do meio-ambiente,
segundo últimas pesquisas. As forças de direita mais classicamente elitistas e
neoliberais, representadas por Aécio Neves (PSDB), não parecem ter capacidade para
ameaçar as duas candidatas mais bem pontuadas. Os partidos das esquerdas, socialistas e/ou
anticapitalistas, divididos em 4 candidaturas, deverão ter impacto
eleitoral bastante reduzido. Em suma, a sociedade brasileira, inclusive uma
grande parcela das classes trabalhadoras, divide-se em relação ao legado, a
natureza e o apoio, pelo menos eleitoral, aos governos petistas. Divisão, por sua vez, que se faz
sentir entre os vários ativistas e movimentos sociais populares e dos trabalhadores
que almejam a transformação da realidade nacional.
Alguns da esquerda
entendem que o governo Dilma Rousseff (PT) é aquele que mantém os avanços
sociais e as conquistas desde a ascensão do PT ao Palácio do Planalto em 2003,
avanços e conquistas inexistentes nos governos anteriores da direita
tradicional (Fernando Collor - PRN e Fernando Henrique Cardoso - PSDB) e que,
por isso, seguindo a lógica das reformas em progressão, deve ser apoiado e
defendido pelas classes trabalhadoras e pelos "de baixo". Outros percebem que as medidas dos
governos petistas não podem ser consideradas como verdadeiros avanços, pois tais
medidas conciliam com os interesses das classes dominantes e apenas são
possíveis quando estes últimos são mantidos e garantidos. Ademais, os ditos
avanços não significaram quase nenhum direito social a mais, uma vez que baseados na lógica do consumo, endividamento e do mercado, com a abolição das tradições de luta e organização populares. Há ainda aqueles que, não
considerando os governos petistas como os mais progressivos para as classes
trabalhadoras, preferem votar neles, pois diante do quadro de polarização com a
falsa alternativa representada por Marina Silva (PSB), seria necessário utilizar-se
do “voto útil” e escolher o “mal menor”. Mas, quais os
impactos do debate e das escolhas eleitorais para o futuro, a organização e o
protagonismo das classes trabalhadoras e dos movimentos sociais populares brasileiros?
Para
debater esses temas, o Projeto Espaço Socialista realizará o seu evento de n°
16.
A atividade se destina especialmente, mas não exclusivamente, a estudantes,
trabalhadores, militantes, ativistas e interessados em geral pelas questões
relacionadas à justiça, igualdade e liberdade sociais. Seu objetivo será o de avaliar e analisar o atual momento
político nacional, o papel das eleições 2014 nele e as possibilidades e limites
das esquerdas partidárias e sociais. Algumas questões que serão abordados no evento:
(1) o projeto de governo hegemonizado pelo
PT se esgotou?;
(2) qual o papel das esquerdas nas eleições
de 2014?;
(3) como construir uma política de esquerda
socialmente enraizada e comprometida com a transformação da sociedade
brasileira?
A iniciativa é uma das
ações do Projeto Espaço Socialista que tem como objetivos: (1) criar um fórum
de debates permanente que seja crítico e autocrítico das e para as esquerdas em Pernambuco; (2) servir como
ponto de apoio para aglutinação de ativistas e interessados nas lutas sociais
de libertação dos explorados e oprimidos; (3) colaborar para o desenvolvimento
de uma cultura de tolerância entre ativistas sociais de diferentes origens e
tradições; (4) ajudar na formação teórico-política das gerações atuais e
futuras.
Serviço
Debate
público | Esquerdas, eleições 2014 e conjuntura nacional
Data: 29 de setembro de 2014, segunda.
Local: Centro de Educação da UFPE [Sala 12,
Anfiteatro Iracema Pires].
Horário: 18h30-21h30
Debatedores:
(1)
Michel Zaidan [filósofo, coordenador do Núcleo de
Estudos Eleitorais, Partidários e da Democracia [NEEPD] e professor associado
do Departamento de História da UFPE];
(2)
Pedro Lapa [formado em Economia e Ciência Política e assessor de
movimentos populares].
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